Passam-se anos, prefeitos, governadores e presidentes, e a população segue demandando por uma melhor qualidade na educação. Apontada como diferencial para ascensão social e igualdade no acesso a oportunidades, a educação pública, principalmente no ensino fundamental e médio, ainda patina.
A ideia geral, difundida em diversos setores da população, é de que faltam recursos para a área no Brasil. Entretanto, em recente relatório divulgado pelo Tesouro Nacional, o Brasil gasta em educação pública cerca de 6,0% do PIB, valor superior à média de países desenvolvidos (5,5%) e de pares como Argentina (5,3%), Colômbia (4,7%), Chile (4,8%), México (5,3%) e Estados Unidos (5,4%). Além disso, estados e municípios brasileiros são obrigados, por lei, a investir 25% do seu orçamento em educação.
Desta forma, antes de colocarmos o aumento de recursos para a área no centro da discussão, precisamos nos atentar em como melhorar a gestão dos recursos, pois investimos um montante elevado na área, inclusive em comparação com outros países. Ou seja, precisamos tornar os investimentos em educação mais eficientes, para melhorar o aprendizado de crianças e jovens, colocando-os em condições de disputar uma vaga no mercado de trabalho ou na universidade.
Um exemplo de eficiência na educação são as escolas do SESI. No ENEM de 2017, os alunos do ensino médio do SESI-SP tiveram uma pontuação maior do que os colegas das escolas públicas: 551,3 nas provas objetivas, contra a média de 510,8 dos estudantes do sistema estadual de ensino.
Assim, um ponto de grande importância consiste em fazer com que os estudantes conheçam, integrem e apliquem conteúdos aprendidos e experiências vividas em uma perspectiva de diálogo e interação para a solução de desafios propostos, utilizando as diversas matérias aprendidas em sala de aula de forma integrada. Sendo assim, os alunos conseguirão enxergar os problemas na sua totalidade e utilizar conceitos de história, ciências e matemática para resolvê-los.
Por fim, não podemos nos esquecer de que o processo de aprendizagem se dá através do diálogo, no qual os alunos expõem o que já sabem sobre determinado conteúdo e a expectativa pelo que irão aprender, devendo ser constante a forma de avaliação, através de monitoramento para medir o quão eficiente está o processo de transmissão do conhecimento, apontando mudanças e ajustes necessários para torná-lo mais efetivo.
(*) O autor é advogado, especialista em Direito Público e mestre em Gestão e Políticas Públicas, na Fundação Getúlio Vargas - FGV/SP.
O exposto artigo não reflete, necessariamente, o pensamento do São Carlos Agora.